terça-feira, 31 de maio de 2011

Sociedade Ansiosa

Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Mateus 6.25.



Desde a década de 70, venho pensando sobre a velocidade com que as coisas vêm acontecendo. Hábitos de vestuário, estilos musicais e de lazer, dentre outros, que faziam parte do cardápio das pessoas, em alguns casos, por décadas, e que passaram a ter uma vida útil cada vez menor. A cada dia nos tornamos insatisfeitos com o que conquistamos e queremos novidades cada dia mais, em todos os itens do nosso cotidiano.


Chegamos a um ponto da historia em que estamos mais propícios a sermos movidos pela mídia. Se a mídia nos informa, nos importamos; se a mídia abandona determinado assunto, nos esquecemos dele. As vítimas da tragédia do Morro do Bumba [2010], das enchentes de Nova Friburgo [2011] e do mais recente tsunami japonês, ainda sofrem as terríveis conseqüências, mas, em geral, a solidariedade dura enquanto dura a exposição da vitrine midiática.


Corremos atrás das notícias, ficamos tão intensamente imergidos nas coisas que têm afetado o mundo – e, quando falo de mundo, é o mundo todo – e seus respectivos impactos, que não damos conta de que por trás tudo isso há pessoas estressadas por suas vivências e pelos danos sofridos. Enquanto isso, nós ficamos estressados pelo volume de informações que não damos conta de digerir.


Os níveis de ansiedade sob os quais a sociedade está exposta estão nos despersonificando e, cada dia mais nos coisificando. Estamos ficando mais focados nos aspectos ‘coisais’ e nos esquecemos de que somos os principais agentes e objetos de todo o esforço pela sustentabilidade. Estou me referindo ao SER e aos seus RELACIONAMENTOS. Se não houver sustentabilidade social, o aspecto ambiental não se sustentará.


O economista chileno Manfred Max-Neef declarou que ‘nenhum interesse econômico pode estar acima das pessoas’ e que ‘hoje todos nós estamos aqui para servir a economia’ e ‘isso está errado!’. Esta preocupação não vale apenas para governos, empresas ou grupos políticos, nacionais ou planetários, vale para nós, simples mortais, que temos um encargo de projetar a vida para o futuro. E, não apenas a nossa, as dos nossos filhos e netos. Quando Jesus nos falou sobre SAL DA TERRA e LUZ DO MUNDO, esteve falando da nossa responsabilidade pessoal em transformar, moldar, fazer a diferença.


A ansiedade nos tira do foco e nos coloca dentro do turbilhão, nos confunde.


Segundo Max-Neef, ‘muitas vezes somos pessoas bem-sucedidas, mas incompletas. Não é fácil construir um projeto de vida’. Ele afirma que ‘hoje o mercado é mais importante do que a universidade’. Dá para imaginar que o lufa-lufa, a competitividade, a barafunda de uma rotina reveladora da profunda insatisfação com tudo o que já se conquistou, estão substituindo o conhecimento, inclusive aquele que nos leva a intimidade com Deus.


Gosto do tema da sustentabilidade e da responsabilidade social até porque guardam grande sintonia com as Sagradas Escrituras. Al Gore, em suas considerações nos diz que uma das coisas que o homem atual pode fazer para ajudar o planeta é desplugar-se. Isso pode representar que devemos nos desconectar dessa correria louca e pensar um pouco em nos mesmos, no que podemos fazer individualmente e em qual seja a vontade de Deus com relação a nós.


Obs.: as citações de Max-Neef foram extraídas de www.canalrh.com.br


Nisso pensai!