quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

‘Podemos Interferir no Futuro?’ O Pilar das Artes & Entretenimento

‘O coração alegre, entusiasmado, é um bom remédio,



mas o espírito entristecido e capaz até de secar os ossos’
Provérbio hebreu, 900 a.C.

Gostaria de iniciar estas considerações exatamente como terminamos nosso último encontro, quando conversamos sobre ‘O Que Virá?’. Naquele momento consideramos sobre a nossa responsabilidade na construção das próximas gerações, inclusive aquela de quem poderemos depender para nos dar as mãos, quando o nosso vigor se transformar apenas numa saudade.


Considero Sete Pilares para a Construção do Nosso Futuro e, aleatoriamente, começaremos por considerar Artes & Entretenimento. Não trabalharei com o conceito de Cultura por considerar muito mais amplo do que a idéia que geralmente se tem.’ Cultura’ vem do mesmo radical da palavra ‘culto’, que deriva ‘cultuar’, por exemplo. Num bom passeio pela Internet poderemos compreender que os órgãos públicos denominados de Secretaria da Cultura, teriam nomenclaturas mais apropriadas a seus objetivos se fossem conhecidos por Secretaria do Entretenimento. Bem, isso é cardápio para outra ocasião.


Afora questões preconceituosas sobre o que é ‘do bem’ ou ‘do mal’, que nos levariam a avaliações e posicionamentos discriminatórios, como poderemos construir valores sociais a partir de manifestações de Artes e elementos de Entretenimento puros, saudáveis, construtivos ... ?


Neste pilar encontramos a áreas da música e da dança, a pintura e a escultura, design, vestuário e moda, literatura, cinema e teatro, destreza, beleza, cores, luz, harmonia, todas os desportos, dentre outras.


Há muitos homens e mulheres que vêm se destacando neste pilar, e que têm servido de modelo para os demais cidadãos. Michael Jackson, Cazuza, Romário, Kaká, Ayrton Senna, Sting são alguns dos tantos para os quais o mundo tem focado seu olhar. Todos procuramos modelos e todos procuramos alguém em quem nos espelhar. E esses espelhos é que irão reproduzir as imagens reais do amanhã.


No pilar ‘Artes & Entretenimento’ reside um dos maiores potenciais na formação do caráter de uma sociedade, talvez mais do que na educação propriamente dita. Isso porque tem forte associação com o prazer. Poderíamos considerar que este pilar é a forma mais prazerosa de educar, ou de corromper o caminho individual ou coletivo.


Construir um futuro socialmente sustentável depende de quem são os embaixadores da construção dos valores éticos e morais e dos padrões, para que esse futuro valha a pena.


Sempre teremos bons e maus artes ou fatores que entretecem. Não podemos bani-los da agenda social, mas podemos optar por não consumi-los.


Responsabilidade Social, de forma sucinta, á um jeito de fazer as coisas sob valores e princípios morais e éticos. E nisso poderemos sonhar com uma sociedade sustentável, um futuro em que todos desejamos viver.


Construir a sociedade do futuro é ser responsável quanto ao que permitimos que seja posto à disposição da sociedade no agora. Isso depende da visão socialmente responsável de empresário, da conduta adequada dos homens públicos, do posicionamento adequado das instituições sociais, do trabalho de cada pai e mãe e de como cada cidadão se torna modelo para seu semelhante.


Nisso pensai.

‘Podemos Interferir no Futuro?’ - O Pilar da Mídia & Comunicação

‘Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo’


1ª citação de um OutDoor – Billboard, em inglês – conforme Habacuque 2.2

Prefiro trazer algumas instigações para tratar do tema Mídia & Comunicação. Dependendo do lado que nos encontramos, fazemos papel de advogados de defesa e de acusação, alternadamente. A mídia é um mal social, ou apenas um instrumento? Ela é apenas um meio de veiculação de coisas boas ou más ou tem chamado para si a tarefa de educar, manipular a opinião e servir de instrumento transformador em atenção a contratos de patrocinadores ou de interesses corporativos outros? Ela apenas cumpre seu papel, ficando por conta da população a obrigação de analisar se consome ou não todo o material à disposição através de seus meios?


A gente poderia formular um tanto de questões. A dra. Landa Cope, da Universidade das Nações, Suiça, publicou que ‘nós declaramos que nossa cultura, nossas famílias e indivíduos estão sendo destruídos pela televisão, filmes, música e mídia. Mas, Deus diz em Sua Palavra, que Ele deu autoridade ao indivíduo, deu à humanidade que Ele criou o poder para decidir’.


Em vídeo veiculado há pouco tempo pela internet, a dra. Rauni-Leena Luukanen-Kilde falou do poder da mídia em alarmar a sociedade no caso da propagação da Gripe Influenza A, ou Gripe Suina, em vídeo sob o tema ‘The Swine Flue Scandal’. Disse ela que ‘estão a divulgar uma informação assustadora, através dos meios de comunicação. Todos os meios de comunicação dizem: oh! Vai ser terrível. E, agora é o efeito dominó. É assustar, assustar, assustar. Propaganda’. Ela se refere ao pânico que a mídia tem o poder de transmitir.


Em recente entrevista a um periódico de grande vendagem no Brasil, o dr. Wolfgang Sperling, psiquiatra alemão, nos disse que ‘se o mundo não estivesse em recessão, talvez o surto de gripe não tivesse virado pandemia’. O dr. Sperling culpa os novos meios de comunicação e diz que ‘a rapidez com que a imprensa noticiou a falência do Lehman [banco] e o surto no México gerou ondas globais de pânico...’. Ele fala na entrevista, de outubro de 2009, que a humanidade sofre de síndrome bipolar global – SBG, e sugere que a mídia seja acalmada.


Construir uma sociedade sustentável não implica em trazer de volta a censura; aliás, uma das características de um país desenvolvido é o nível de liberdade de sua imprensa. Sabemos que a mídia pode expor mentiras, mas, mesmo assim, pessoas podem examinar e escolher o que vão consumir. Voltando à dra. Landa Cope, ela defende que ‘a Mídia não tem poder em si mesma, pois é uma influência a qual nós, a audiência, damos ou não poder’. E mais, que ‘somos soberanos sobre nós mesmos’ e que ‘uma mensagem só é popular se a audiência a tornar popular, e não só pelo poder da mensagem em si’. Ela nos declara que ‘parece que a liberdade de expressão está diretamente vinculada à responsabilidade social’. E, eu complemento esse pensamento considerando que a liberdade em consumir tudo o que nos é posto ao dispor está diretamente relacionado com a nossa responsabilidade pessoal , com esta e com as próximas gerações, incluindo a nós mesmos e a todos os nossos descendentes.


Gostaria de encerrar com uma questão acerca ‘de que forma estamos, todos, formando a sociedade do amanhã’, que poderá ainda ser o nosso próprio amanhã?


Que não tenhamos do que lamentar!

O Que Virá?

‘O progresso é o desenvolvimento gradual do poderio humano sobre a matéria; é, sobretudo, o desenvolvimento da sua moralidade.’


Anne Robert Jacques Turgot, Paris, 10 de maio de 1727 – 18 de março de 1781, foi um economista considerado, por sua obra, um elo entre as escolas fisiocrática e britânica de economia clássica

Quando a redação solicitou que fosse preparado este texto, pensei em algo que não servisse para ocupar um espaço na revista e que não promovesse transformação. Nunca estive tão fascinado e comprometido com ‘transformação’ como nos tempos atuais.


Vivi num período no qual a sociedade talvez tenha vivenciado o maior volume de mudanças numa única geração. Os anos 60, 70 e 80 foram palco de profundas mudanças em todos os segmentos, em todos os lugares do planeta.


Quando vejo a sociedade do ‘agora’, percebo o quanto fomos descuidados quanto ao legado que aquela geração dos anos da mudança deveria deixar para a próxima geração. Em muitos aspectos, temos visto uma grande e profunda inversão de valores nos mais variados campos da sociedade. Mesmo numa sociedade cristianizada, assistimos debates e embates que contrariam diametralmente os fundamentos do modelo de fé mais aceito em nossa nação.


Parece que começamos a experimentar naquelas ações de aceleração da mudança um tempo – que não tem fim – de desconstrução. Esse conceito da ‘desconstrução’ surgiu em 1962 na introdução de um livro do filósofo alemão E. Husserl, e não significa ‘destruição’, mas ‘desmontagem, de composição dos elementos da escrita’.


Quando ouvimos tantos falarem da necessidade de ‘novos paradigmas’, isto se deve ao tanto que se desconstruiu nos campos dos princípios, valores e do comportamento ético. Penso até que a sociedade não precisa de novos paradigmas, mas de trazer os paradigmas que sustentaram a nossa formação. Negar os modelos nos quais fomos firmados é negar nossa própria distorção.


Nunca uma sociedade precisou tanto de fazer marchas pelas ruas para firmar suas ideologias como em nosso tempo. Vide Marcha da Maconha para representar tantas outras, muitas delas um tanto esdrúxulas.


Muitos de nós defendemos posições como se tudo estivesse em montagem para nos amparar no ‘agora’, mas nos esquecemos que somos responsáveis em preparar aqueles que influenciarão nas próximas gerações. Quando estivermos velhinhos, levados pela força dos braços dos mais novos, de que forma queremos ver a sociedade que lhes transmitimos? Responder, de forma socialmente responsável, a esta pergunta é se comprometer a formar, também de maneira socialmente responsável, a próxima geração.


Precisamos olhar para os principais pilares da sociedade – Artes & Entretenimento, Mídia & Comunicação, Governo & Política, Economia & Negócios, Educação & Ciência, Família e, por fim Igreja & Religião – e afirmar que a forma como nós e nossos filhos têm sido afetados poderá causar graves danos às gerações vindouras.


É mister que alinhemos estes pilares com paradigmas que garantam que o Brasil do futuro será maior do que o Brasil do agora.


‘O que virá?’ deve se tornar a pergunta de todos os cidadãos, desde políticos envolvidos em falcatruas até o padrasto estuprador, passando por quem sonega impostos, que mente, que dirige alcoolizado etc. Todos temos um potencial e um chamado para construir.

Sustentabilidade no Nosso Quintal

‘Trabalhar com sustentabilidade é plantar um presente que garanta a subsistência das novas gerações num planeta que pede socorro e se aquece a cada dia.



Pois melhor que plantar árvores, despoluir rios, proteger animais, é semear a consciência de que a garantia da vida é respeitar as fronteiras da natureza’


Nildo Lage tem 41 anos de idade e reside em Nova Viçosa - BA


Quando a Norma internacional ISO 26000 começou a ser discutida ao redor do planeta, tinham em mente que contivesse algumas características:


Será uma norma de diretrizes, sem propósito de certificação;


Não terá caráter de sistema de gestão;


Não reduzirá a autoridade governamental;


Será aplicável a qualquer tipo e porte de organização [empresas, governo, organizações não governamentais, etc];


Será construída com base em iniciativas já existentes [não será conflitante com tratados e convenções existentes];


Enfatizará os resultados e melhoria de desempenho;


Prescreverá maneiras de se implementar a Responsabilidade Social nas organizações; e,


Promoverá a sensibilização para a Responsabilidade Social.


Tive o privilégio de participar num dos grupos de trabalho da Norma, junto ao Instituto Ethos, em São Paulo, num dos fóruns mais interessantes que pude participar no mundo das idéias. Posso, hoje, compreender que ‘Responsabilidade Social’ é um modo de sonhar, projetar, desenvolver e colher e que ‘sustentabilidade’ é seu objetivo final.


Os atores empresariais põem ‘sustentabilidade’ sobre um tripé composto por três pilares, o Homem, o Meio Ambiente e a Economia; é o chamado ‘triple bottom line’. Há uma corrente, inclusive presente nas preliminares da construção da Norma ISO 2600, em que a base é ‘HOMEM’ e ‘PLANETA’. Se isso é assim, teremos então um ‘double bottom line’. Estreitando um pouco mais, fica apenas o Meio Ambiente, no qual o HOMEM se torna no principal agente capaz de efetivamente transformar, em todos os aspectos.


O que você pensa sobre isto? Ou, o que Deus pensa disso?


No Livro dos Começos [Gênesis 2.15] lemos que Deus colocou o homem no Jardim do Éden para o cultivar e o guardar. Há conteúdos muito mais fortes do que temos podido imaginar apenas nesta pequena porção da Palavra de Deus.


A palavra cultivar está intimamente relacionada à palavra cultura. Esta se refere ‘a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e identificam uma sociedade. Explica e dá sentido à cosmologia social; é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período’; esta era a visão do antropólogo Edward B. Tylor.


Assim, cultivar pode ser entendido por desenvolver muito mais do que o plantio de alguns cereais, ou de algumas frutíferas, mas ‘plantar um padrão de vida que possa proporcionar, para a sociedade de então e para as vindouras [futuras gerações], as condições ideais de vida no planeta’. Considerando que ‘crenças’ referem-se a ‘culto’, podemos inferir, então, que aquilo que compõe a nossa crença determinará a nossa cultura, o que colheremos agora e o que nossos filhos colherão amanhã.


Isso vale para nossa reflexão sobre ‘Sustentabilidade e Nosso Ser’, numa abordagem quanto ao que damos valor quando se trata da nossa saúde, do nosso corpo; ou, ‘Sustentabilidade e Nossa Família’, quanto ao tipo de sociedade vamos construir a partir do nosso modelo social doméstico; dentre outros temas.


Gosto da idéia de ‘modelos’. No primeiro livro escrito por Lucas [Lc 6.31] lemos que ‘e como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também’. Da mesma forma como procederemos em ‘cultivar’ e ‘guardar’ o que está ao nosso alcance, nós o colheremos, ou mesmo os nossos filhos. Aí está implícito o conceito de ‘sustentabilidade’, começando em cada um de nós, abrangendo o todo e as gerações seguintes.


Nisso pensai!

Sustentabilidade Começa em Casa

‘A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas’


Johann Wofgang von Goethe, 1749 – 1832; escritor alemão e pensador que também incursionou pelo campo da ciência. Como escritor foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã

Quero aproveitar para falar um pouco sobre conceitos. Sustentabilidade, por exemplo, é um conceito relacionado com a continuidade da vida na terra em todos os aspectos. Todos os seres devem configurar toda a sua forma de vida no planeta de tal forma a ter suas necessidades preenchidas, expressar o seu potencial no presente e, ao mesmo tempo, planejar a vida pela manutenção desses ideais, continuamente. Pensa-se que para um empreendimento humano ser sustentável tem que ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.


Toda vez que se referem ao tema da sustentabilidade vem à mente a relação do homem com o planeta. O conceito de ecologia está relacionado ao estudo do planeta enquanto ‘casa de todos os seres’ [o verbete ecologia vem das palavras gregas ‘oikos = casa’ e ‘logos = estudo’]


No texto bíblico de Hebreus 3.6 encontramos que: ‘Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa [oikon]; a qual casa [oikós] somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim’. Assim, saímos da Oikós Planetária para a Oikós Pessoal. Compreendemos que também é verdade que há, nesta linha de pensamento, a Oikós Familiar, a Oikós Regional num crescer sucessivo de ambientes habitacionais que requerem cuidados peculiares.


O princípio bíblico fala da conquista de níveis progressivos de autoridade quando aquele que ‘é fiel no pouco é levado à autoridade sobre o muito’, da mesma forma em que vale o princípio da equivalência em que ‘aquele que ama a si mesmo ama a outrém’. Não é possível cuidar da Oikós Planetária aquele que não cuida da Oikós Pessoal. Como cuidamos do nosso corpo, cuidaremos do planeta.


Quando nasci, a expectativa de vida do brasileiro era de cinqüenta anos. Já estou no lucro com os meus cinqüenta e nove anos, mas quero viver mais o mesmo tanto, minimamente. No entanto, preciso me cuidar quanto a não viver uma vida sedentária, eliminar hábitos danosos ao meu organismo, como a alimentação inconveniente, vícios, falta de regras quanto ao sono, além das formas biblicamente entendidas como pecado: adultério, idolatria, fornicação, inimizades etc que são fatores que causam distúrbios sociais além de se tornarem agentes que atraem as maldições sobre a vida humana.


Quando queremos a sustentabilidade do planeta temos que enviar uma mensagem pessoal que confirme nossa intenção de estar lá, no futuro, neste mesmo planeta que estamos preservando. Se destruímos nossa Oikós, por que queremos manter o planeta? Ou somos hipócritas?


Aproveito para registrar algumas dicas para a longevidade, extraídas de um total de trinta do blog de Cristóvão Pereira. Foram seguidas pelos operadores da Bolsa de New York:


Case-se – Expresse suas emoções – Seja solidário – Prefira as comédias – Use fio dental – imite os britânicos na pontualidade e no uso do chá – Largue o cigarro – Tenha fé – Beba com moderação, considerando que é melhor deixar a bebida de lado – Coma menos – Prefira os vegetais – Mantenha a mente ativa – Prefira os pescados – Seja otimista – Não pule o café da manhã – Reduza o sal – Durma bem – Coma carne vermelha com moderação – Mova-se.


Sustentabilidade Planetária?! Seja sustentável a partir da sua Oikós Pessoal!


Nisso pensai!


Sócio-sustentabilidade

Quem construirá o que?


outubro de 2010

’Ninguém se entrega a qualquer atividade sem um preparo. Todavia, cada um acha-se bastante qualificado para o mais complexo de todos os negócios: governar’

Sócrates, em grego antigo Σωκράτης, 469 – 399 a.C, foi um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental e um dos fundadores da atual Filosofia Ocidental

Pessoalmente, eu nunca havia participado de um processo eleitoral com tanta intensidade quanto a que venho experimentando neste tempo. Uma troca imensa de mensagens que, caso houvesse ocorrido nos tempos não tão antigos, a minha caixa postal, instalada no muro da minha residência, ficaria literalmente entupida, correspondências ‘saindo pelo ladrão’. Os embates, se assim podemos chamar o que tantos consideraram ‘debates’, foram muito intensos. A opinião pública ficou bastante agitada, quase que perdida em meio a tanta barafunda.

Conversei com muitas pessoas; empresários interessados em votar em determinado candidato, só porque haveriam de obter ganhos pessoais, na manutenção de seus projetos junto ao poder público, mesmo que isso custasse mais caro para o restante da população; grupos sociais, evangélicos ou não, se digladiando numa discussão que mais parecia um ‘cabo de guerra’ por preferência por este ou aquele candidato, mesmo que isso trouxesse prejuízos ao seu projeto principal, ou de suas crenças, missão ou visão estratégica; pessoas vislumbrando os benefícios que obteriam nos programas Bolsa X-tudo, Bolsa EgsBag, Aposentadoria Plus, Salário MinMáx etc.


Muito do que tem contado realmente é visão do ‘agora’, o que pensamos ‘no particular’, o quanto de emoção envolvemos na análise, a paixão partidária e a avaliação pelo candidato ‘menos bandido’. É bem verdade que não há só ‘moeda podre’ no bojo das discussões; há o lado bom, a realidade de que estamos querendo nos engajar mais [eu não disse ‘nos enganar mais’], de que sabemos que podemos exercer influência.


Nem sei se a formação do título é lógica ou verdadeira. Mas, podemos pensar num país mais forte, com a visão da sustentabilidade [ambiental] mais apurada, com o consumo mais consciente; mas, não podemos nos esquecer de nós mesmos, de quem queremos ser daqui a quatro, dez ou mais anos, de como estamos dispostos a reforçar os valores éticos e morais, e espirituais, que nortearão todas as demais discussões.


Quando os Valores Éticos, Morais e Espirituais se perdem, o grupo social é corrompido ou se corrompe. Podemos, então, partir do debate sobre uma necessária Reforma Ética e Moral uma vez que esta se sobrepõe sobre as demais reformas, seja a política, a econômica, tributária, dentre tantas. Estas são dependentes daquela.


Encontramos uma parábola no capítulo 9 do Livro dos Juízes, conhecida como Apólogo de Jotão. As árvores procuravam quem lhes governasse. Clamaram à Oliveira, à Figueira e à Videira. Todas lhes disseram ‘não’. Na ausência de candidatos, clamaram ao Espinheiro, que assentiu àquela oportunidade. Quem escolhe sobre quem estará submetido é o próprio povo, e é o mesmo povo quem escolhe quem estabelecerá as leis sob as quais serão iluminados.


Não acho que ‘a hora é agora’, pois sempre foi hora de colocar nossa confiança no Senhor e, concomitantemente, fazer a ‘parte que nos cabe nesse latifúndio’. Cerca de 700 a.C, Isaías ouviu de Deus o clamor sobre ‘quem irá por nós’. Isaías, então, respondeu que o Senhor poderia contar com ele no processo da construção, no da transformação, ‘desemocionado’ e totalmente consciente de que ele seria o responsável de caminhar debaixo da revelação de Deus, cumprindo seu papel social de influenciar a sua e as próximas gerações, inclusive a nossa, ainda perfumada pelas posições profeticamente corretas daquele homem de Deus.


Bem-vindos a um novo tempo, o tempo da influência profética da igreja do Senhor Jesus Cristo.


Nisso pensai!


Cartões e Crédito

‘Há males que vêm para bem’. Esta foi a frase proferida pelo nosso presidente Lula ao agradecer ao presidente Wladimir Putin, da Rússia, pelo apoio dado às investigações do acidente ocorrido em agosto de 2003, em Alcântara, no Maranhão, quando morreram vários técnicos.



Um dia desses, ao conversarmos sobre o tema Responsabilidade Social, entendemos que estávamos falando daquilo que deveria ser a regra da vida cotidiana. Passei, então, a sonhar em como seria bacana se todas as pessoas e instituições, em todas as instâncias da sociedade, pensassem, falassem ou agissem de maneira socialmente responsável, dentro de padrões éticos e morais necessários à convivência com as demais pessoas e com o planeta, e de forma a que os olhares estivessem sempre focados num futuro viável à vida no e do planeta. Mas isso era só um sonho.


Responsabilidade Social é tema dos principais debates modernos porque vivemos em um ambiente em que comumente se convive com a irresponsabilidade social. E não estou falando de governo Lula, de uso de cartões de crédito por parte dos palacianos... estou falando de mim e de você, que faz a leitura deste texto.


Quantos de nós já tivemos alguma experiência com cidadãos conhecidos como ‘nós cegos’, em algum momento da nossa história? Isso para não instigar o pensamento de que algum de nós, algum dia, já tenha sido considerado como um dos tais.


Não acho que tenha que ser assada mais uma pizza nacional – a do cartão de crédito, nem acho que é irrelevante o fato de que alguma pessoa, ocupante de cargo público, tenha feito uso inadequado do nosso dinheiro, nem acho que a sociedade, representada pelo Congresso Nacional, tenha que ficar calada porque também tem pecados e porque não pode atirar a primeira pedra.


Pensar numa sociedade sustentável, num mundo de futuro promissor, num ambiente totalmente agradável blá blá blá deve nos remeter a pensar em nossa responsabilidade pessoal. Há aqueles que só ficam atirando pedras em quem tem telhado de vidro; há aqueles que gostam do que vêem e passam a adotar os mesmos procedimentos; e há aqueles que se indignam e acham que podem fazer as coisas de uma outra maneira, ligados com o desenvolvimento social.


A infeliz ‘Lei de Gérson’ já foi revogada e todos podemos acordar para o bom uso dos nossos cartões, sejam eles de débito, de crédito, de visita etc. Não basta combater o que os outros estão fazendo, fazer disto assunto para as rodas de conversa. Há algo mais que o fato do quanto é importante sabermos a forma como podemos fazer para a transformação social. No Estado, muitos bons passos têm sido dados. No momento, estamos lançando um curso MBA em Responsabilidade Social como parte do processo educativo para a transformação. As matrículas estão em franco desenvolvimento para quem se interessar na mudança pela educação.


Aliás, temos ouvido uma profecia que nos diz que ‘em 2008 o Brasil será outro’, e nós temos uma grande oportunidade de promover a mudança pelo voto. Pode ser que alguém queira se candidatar apenas para ter o seu cartãozinho de crédito, mas nós saberemos levar para as câmaras municipais e para os governos aqueles que, como nós, querem transformação social com ética e com condutas exemplares para o desenvolvimento social. E que esses males da nossa vivência nacional possam nos levar às boas práticas e à construção de um futuro melhor.


A Medalha Possível

‘O futuro não pode ser previsto, mas pode ser inventado. É a nossa habilidade de inventar o futuro que nos dá esperança para fazer de nós o que somos’ – Dennis Gabor.



Dennis Gabor [5.06.1900 ~ 9.02.1979], físico húngaro, nascido em Budapeste e naturalizado britânico, foi graduado pelo Imperial College of Science and Technology, de Londres e criou a holografia em 1949 o que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física no ano de 1971.


Busquei esta frase porque estava me lembrando de alguém, dirigente de uma média empresa que opera no mercado de projetos de engenharia, que estava com certa inquietação pelo fato de que sua organização ainda não havia feito grandes avanços em apoio a projetos junto a sociedade.


Ficamos por um tempo discutindo opções que pudessem satisfazer aquele desejo pelas ações socialmente responsáveis e acabamos por descobrir que muito pode ser feito com muito pouca coisa, o que aproveito neste momento para desmistificar a máxima de que as coisas só podem ser feitas com algum dinheiro.


Então, o que pode fazer da minha empresa uma ‘organização colecionadora de medalhas’ na área do desenvolvimento social, em apoio a projetos junto as comunidades? Não é muito fácil responder a uma pergunta como essa com tão poucas linhas.


Tenho compreendido que antes que qualquer empresa seja ‘socialmente responsável’, alguém que a dirija já terá que ter sido ‘picado’ pelo mosquito da responsabilidade social. Antes de mais nada, essa liderança empresarial precisa ter o coração preparada. Muitas empresas têm atuado junto as questões sociais apenas por causa dos requisitos, pela presença de pressão social ou por qualquer outro instrumento constrangedor. Quando o empresário tem o seu coração sensível do quanto pode, com os recursos em suas mãos, ser instrumento de transformação social, todos os demais argumentos se esgotam. Este, então, pode ser o primeiro requisito rumo à medalha social: ter um coração sensível.


Sabemos que empresários não têm tempo, nem mesmo para sua família. Uma agenda equilibrada pode levar o dirigente a dedicar o tempo necessário para a sua parentela, mas também para conhecer o tema da responsabilidade social. Muitas atitudes deixam de ser tomadas por desconhecimento, por medo de estar jogando dinheiro fora, por mero preconceito, dentre outros. É mister que se dê o primeiro passo, o do conhecimento do tema, mas para isso tem-se que eliminar o medo e o preconceito.


O aparelhamento de uma empresa pode propiciar a realização de grandes e importantes avanços na promoção de parcerias sociais bem sucedidas. Grandes projetos não são, necessariamente, resultado de grandes investimentos financeiros. Poderíamos citar um tanto de recursos que poderiam ser colocados ao dispor de projetos de sucesso, ganhadores de medalhas: sucatas e resíduos, mobiliário e ou equipamentos alienados, espaços físicos que podem ser colocados ao dispor da sociedade como salas de aula etc, profissionais com algum tempo de ociosidade e que poderiam prestar algum tipo de serviço social no horário do expediente, competências técnicas que poderiam ser compartilhas com grupos de jovens ou pessoas desempregas na área de influência da empresa, dentre outros. Ops! Dinheiro, também; caso haja disponibilidade. Assim, o terceiro requisito seria: considerar-se capaz de agir.


Uma frase muito conhecida é a de que ‘uma andorinha sozinha não faz verão’. Mas pode fazer muita coisa. Na verdade, gostaria de afirmar que há muita gente que gostaria de trabalhar em conjunto com outros parceiros sociais. É possível projetos em parceria com Instituições Sociais já presentes nas comunidades vizinhas, que envolvam a prefeitura do município, o Ministério Público. Então, olhar para fora, tanto para as carências quanto para as potencialidades, pode nos ajudar a sonhar com a construção de uma sociedade melhor. Construir um projeto partilhado poderia ser então o nosso quarto requisito.


E agora, precisamos testar nossa capacidade de interlocução. Quando uma empresa tem a ‘ficha suja’ perante a sociedade isto pode não ser tão fácil. Temos que limpar nosso nome do SPC social. Depois de constatado de que não há pendências que mantenham as portas fechadas, precisamos iniciar os procedimentos de articulação social junto as comunidades vizinhas, aos gestores municipais e junto aos demais possíveis parceiros. Assim, o quinto quesito é ‘realizar uma articulação social’.


O melhor laboratório para as ações sociais de uma empresa junto a comunidade é o ambiente interno. Avaliar a satisfação de colaboradores internos, verificar a qualidade de vida de seus empregados, as questões relacionadas a segurança no trabalho etc é o melhor atestado e o que vai fazer da empresa um exemplo para outras partes interessadas, os stakeholders como são conhecidos. Dessa forma, o sexto quesito é ‘fazer o dever de casa’.


Para que o sétimo requisito seja efetivado precisaremos vencer a inércia e começar.


Enfim, gostaria de informar que além de instituições e profissionais capacitados no mercado, a empresa tem ao seu dispor recursos que não lhe custarão qualquer sacrifício de qualquer ordem. O Instituto Ethos – www.ethos.org.br – tem disponibilizado instrumentos, manuais e ferramentas extremamente importantes para que a empresa medalhista comece pelo seu primeiro ‘ouro’.


Vai campeão!