quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Neemias – Modelo para a Sócio-transformação [Eis-me aqui, envia-me a mim!]

O livro de Neemias é bastante instigante, sobretudo por ter sido ele apenas um copeiro do Rei, um escravo.


Quando Neemias decide se dar a conhecer ao Rei, refletindo sua preocupação com a situação de Israel, penso que Ele se surpreendeu com o interesse do Rei em lhe dar ajuda. Naquele momento Neemias teve algumas atitudes:

1 . ‘Orou uma Oração Instantânea’ – o Irmão André, da Missão Portas Abertas, teria chamado esta oração de ‘oração telegrama’. Talvez para dizer a Deus: ‘é agora, Pai!’; ‘vamos nós!’.

2 . Tinha um projeto em mente – O tempo entre quisleu e nisã serviu para uma elaboração de ações para a reestruturação de Israel. Ou seja, Neemias tinha o ‘problema identificado’, tinha o ‘prazo determinado’, sabia que precisava das ‘licenças’ e das ‘autorizações’ e sabia de quais ‘materiais’ precisava. Aleluia! Não houve um item sequer negado pelo Rei, que lhe favoreceu com um plus: proteção policial.

Em Israel

Mesmo ante sua chegada, com sua comitiva, com os materiais etc, Neemias manteve segredo em relação as suas reais intenções, até que pudesse fazer uma verificação adequada, penso que, para conferir a veracidade dos relatos que lhe foram feitos pelo mensageiro. Considero que foi a ação de um homem prudente, atributo inerente aos copeiros, pois não poderia correr riscos desnecessários mesmo que a atividade contivesse situações adversas envolvidas [isto vale tanto para a atividade de copeiro quanto para os novos encargos].

Conforme Neemias 2.12, Deus já havia dados as devidas orientações a ele. Então seguiram-se algumas ações:

1 . Manteve a estratégia em segredo – há pessoas que mal têm uma idéia e já a divulgam. Aprendemos há algum tempo que até mesmo orações estratégicas não devem sequer ser pronunciadas mas apenas levadas a Deus por pensamento, para que o inimigo não ouça as nossas intenções. Há informações que, se deixadas para o momento certo, tornam-se o diferencial competitivo daquele que as detêm.

2 . Inspecionou a situação – a tomada de decisões não pode ser precipitada. Muitas vezes agimos intempestivamente e desperdiçamos energia, mente, dinheiro, tempo etc por não ter havido uma avaliação adequada da situação. Compras são feitas assim relacionamentos são construídos ou destruídos assim, viagens, respostas às perguntas etc. Muitas vezes ‘quebramos a cara’ por precipitação. A Bíblia diz que todo precipitado peca [Provérbios 19.2]. Um bom verso para dar mais luz é o que está em Lucas 14.28.

3 . Reuniu a liderança – Agora sim, chegou o tempo da revelação, o momento do engajamento e, para tanto, é muito bom saber quem são as pessoas certas, quem poderá ser estratégico. Muitas vezes não sabemos com que podemos contar e acabamos por envolver pessoas que, mais adiante, poderá se tornar peso para nós e que poderão colocar em risco o empreendimento que está em nossas mãos. Na hora de saber quem vai conosco, o melhor conselho vem de Deus. No caso de Neemias, foram engajados Judeus, Sacerdotes, Nobres, Magistrados e Trabalhadores. Não quero me deter em entender a lista, mas podemos ver representantes da Sociedade Civil, Religiosos, Palacianos ou pessoal do Governo, Pessoal do Judiciário e das Leis e Trabalhadores ou, se pudermos assim dizer, Sindicalistas, numa linguagem mais moderna.

4 . Expôs a situação – Aqui há pontos interessantes que podem ser destacados. Neemias O que havia de ser feito; ele já o sabia pois Deus já havia lhe dado todas as orientações como vimos há pouco. Mas, o que me chamou mais a atenção foi sobre a testificação das coisas, ou seja, Neemias não estava ali representando apenas a si mesmo ou a uma linha de pensamento pessoal, uma fantasia ou um devaneio mental. Deus havia lhe comunicado o Seu pensamento sobre a situação, bem como o Rei a quem o copeiro Neemias servia, mas também o que estava em seu coração.

Em Neemias 2.18b encontramos implícito no texto que todos eles, Judeus, Sacerdotes, Magistrados, Trabalhadores etc fizeram uma aliança, assumiram um compromisso com relação ao que havia de ser feito.

Neste ponto, o inimigo se manifesta e se torna um elemento ativo, um opositor declarado que passa a agir contrariamente ao empreendimento. Esse inimigo lança, então sua primeira semente, a Semente da Dúvida. Ver 2.19.

A Obra

Em Neemias 3 encontramos alguns verbos de ação bastante interessantes e que revelam a força daquilo que ele e aqueles homens propuseram em aliança.

Eis os versos: Reconstruir, Restaurar, Reedificar, Trabalhar, Colocar vigas e cobrir são verbos que aparecem uma única vez. Entretanto, Edificar aparece cinco vezes, Assentar portas aparece por seis vezes e reparar é encontrado por trinta vezes neste único capítulo.

Lemos ainda no capítulo 3 sobre as pessoas que trabalharam na obra: Sacerdotes, Levitas, Servos do Templo, Sumo-sacerdote, Povo [judeus e estrangeiros], Profissionais [ourives etc], Maiorais, Governantes, Nobres, Magistrados.

Ainda no capítulo 3 lemos sobre o ânimo com que aqueles reconstrutores trabalharam: voluntariamente e com grande ardor e, conforme 4.6, com ânimo.

Aqui o inimigo lança mais duas sementes contra Neemias e seus seguidores: a Semente do Desprezo e a Semente da Confusão. Ver 4.1 e 4 e 4.8.

Áreas Restauradas

Por fim, nestas considerações sobre a obra de Neemias, encontramos duas macro-áreas que foram objeto de transformação: houve uma transformação Sócio-cultural e religiosa.

Nesta área de transformação, encontramos a restauração das leis, no capítulo 5, ética no governo, ainda no capítulo 5, restauração da religião e da educação e a restauração das celebrações, todas no capítulo 8 e, no capítulo 10, a restauração da aliança com Deus.

A outra grande área de transformação foi a Sócio-econômica e política, envolvendo a restauração das fronteiras [muro e portas] e da Torre de Vigias, no capítulo 3, a restauração da guarda [polícia] e da proteção, no capítulo 4, a restauração da magistratura e das funções sociais, do capítulo 4 em diante.

Nós podemos sonhar ‘O Sonho da Sócio-transformação’. Nós podemos considerar que há um chamado de Deus para que cada um de nós seja ‘O Agente da Transformação Social’ desse tempo, em nossa terra.

Nisso Pensai!

Neemias – Modelo para a Sócio-transformação [a quem importa!]

Gostaria de considerar duas possíveis respostas de Neemias ante ao chamado de Deus para a Transformação Social.


Eu não me Importo – esta poderia ser a primeira atitude daquele escravo. Há um tanto de explicações que damos para justificar nossa inanição, nossa falta de comprometimento para com as coisas que vemos, ouvidos e sentimos:

1 . Não sou capaz! – Realmente não somos capazes. Neemias também não era capaz e era um escravo e apenas o copeiro do Rei. Você é ainda menos do que isso?

2 . Agora estou vivendo outra realidade! – Neemias não conhecia outra realidade senão o cativeiro, já estava adaptado à vida palaciana, mesmo como copeiro, vivia num meio social ajustado, sem problemas maiores e já estava distante de Israel desde sempre. Afinal de contas, Deus o plantou ali, entre aquelas pessoas e não poderia não estar mais sensível as coisas de Jerusalém e de Israel.

3 . Tenho os meus próprios problemas! – Há problemas que são apenas nossos, mas há aqueles que são os problemas de todos, afligem a todos e requerem que alguém dentre todos – menos nós mesmos – se levante para liderar uma transformação.

4 . Não sei qual é a vontade de Deus! – Há muita verdade por trás desta afirmativa, mas pode haver muito de ‘fuga’, de descompromisso ou de acomodação. Muitas vezes não queremos saber mesmo qual é a vontade de Deus sob o risco de que ele nos remova da nossa área de acomodação.

5 . Tenho medo do tamanho do encargo! – Talvez esta seja a resposta mais sincera, mas a Palavra de Deus nos afirma que o verdadeiro amor lança fora o medo [vide I João 4.18].

6 . Tenho dúvidas quanto as conseqüências! – Nós só podemos ter dúvidas quanto as questões relacionadas à desobediência, pois elas envolvem as maldições correspondentes. Toda obediência, entretanto, redunda em bênçãos.

Eu me Importo – Os passos de Neemias

A partir deste ponto faremos um exame nas atitudes tomadas pelo Copeiro Neemias em relação um problema de enormes proporções que envolvia uma nação, seu povo e esperança, bem como as complexidades inerentes.

1 . ‘Assentou-se’ – Esta atitude indica um nível elevado de perplexidade. Talvez este não havia sido o único relato que ele ouviu sobre a sua nação, mas certamente foi o mais contundente. O mensageiro conseguiu tocar o coração de Neemias. Nós já estamos muito acostumados com ‘notícia ruim’ e elas já não nos impressionam mais. Palavras como compaixão, empatia, altruísmo etc já não fazem muito parte do nosso pacote de ‘sentimentos’. A miséria já não nos toca tanto e nem com profundidade. Para nós um escândalo com ‘pizza’ ou com a prisão dos envolvidos não faz tanta diferença. Já não nos interessa mais o caso de Elisa Samúdio ou de Mércia Nakashima. Já não nos interessa tanto os atos de maus políticos, nós os trazemos de volta. Precisamos nos ‘assentar’ diante das notícias que nos trazem perplexidade.

2 . ‘Chorou’ – Neemias não era um carpideiro [carpideiras são profissionais que choram sobre defuntos alheios]. Ele sentiu o drama dos habitantes de Israel, chorou a destruição dos muros e das portas de Jerusalém, chorou a miséria e chorou ante a impotência da singularidade humana. Seria muito simples perguntar se temos chorado. Nós o fazemos pelas coisas que nos dizem respeito, mas muito pouco por outras razões. O que nos faz chorar quanto temos contato com o noticiário nacional ou local?

3 . ‘Lamentou’ – Muitas vezes o lamento vem acompanhado de frases do tipo ‘por que isso aconteceu?’ ou ‘por que eu não fiz nada?’. Lamentos podem decorrer de omissões ou de culpas. Não é pecado o lamento desde que ele seja resultado de uma profunda reflexão que nos ajude a caminhar para uma tomada de decisão justa, uma busca de soluções. Lamento pelo lamento pode nos levar para o ‘mar da tristeza’ e nos manter ali, pescando os infortúnios do passado.

4 . ‘Jejuou’ – O jejum é um ato de consagração em que dizemos a Deus que Ele é a nossa preferência. Jejuns são atos de renúncia em que submetemos nossos corpos e ou vontades à obediência do Senhor, em adoração, em dependência completa; é um ato da nossa consagração, onde dizemos ao Senhor que Ele pode contar conosco, que somos separados n’Ele.

5 . ‘Orou’ – A oração que Neemias fez naquele tempo tinha a ver com a busca pela estratégia correta para aquele problema. Ali estava um homem levantado para se tornar um solucionador de problemas, um transformador social. Sua oração foi crescendo até o ponto máximo de sua dedicação ao Senhor. Começou com adoração; seguiu-se a confissão de pecados, a súplica pelo socorro divino e culminou com a súplica pelo favor do Rei [Neemias queria que o Rei fosse seu parceiro no projeto de restauração de Israel].

As ações de Neemias podem ser distribuídas por fases. Assim, neste ponto concluímos as breves considerações sobre a Fase I das ações daquele copeiro. O tempo decorrido até este ponto foi de aproximadamente 3 meses. Este tempo começou em Quisleu [3º mês do calendário civil], quando ele recebeu o mensageiro e se concluiu em Nisã [7º mês], quando ele teve uma conversa com o Rei. Todo o desenvolvimento da Fase I ocorreu nestes quatro meses e o Rei, nem ninguém, conseguiu sondar e descobrir o coração de Neemias.

Você pode olhar para as realidade à sua volta e refletir se você se importa ou não. Qualquer que seja sua posição, ore a Deus e peça uma direção de vida.

Nisso Pensai!

Neemias – Modelo para a Sócio-transformação

Tenho refletido sobre o potencial que cada das pessoas do planeta têm na execução de pequenas coisas na busca para a sustentabilidade. No site do ex-Vice-presidente norte-americano, Al Gore, o www.climatecrisis.net, encontramos doze ações bem simples e que estão ao alcance de qualquer pessoa.


No entanto, que migrar desse pensamento localizado para considerar sobre o resgate das nossas cidades, para que sejam removidas das mãos de pessoas mal intencionadas, de corruptos, egoístas que buscam seus próprios interesses, daqueles que não tem nada a ver com o interesse da coletividade.

A Bíblia nos chama ao ‘discipulado de nações’, a nossa influência na sua cultura e na responsabilidade em guardar esse vasto ‘jardim de Deus’. Em Salmos 2.8 lemos: ‘Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão’. Aqui está uma representação do chamado para a retomada de nossa responsabilidade.

Há uma distorção entre o que cremos e o que queremos com o que realmente executamos. E, muitas vezes não o executamos pois nos falta uma visão e, se nos falta uma visão, nos faltará uma missão. Isso tem mantido muitos de nós paralisados quanto ao poder transformador colocado por Deus em nossas mãos, nas mãos da igreja.

Seria tão bom se cada crente salvo por Jesus pudesse considerar a importância de termos, individualmente, um projeto de transformação, uma ação sob nossa incumbência que pudesse atestar a nossa atuação transformadora.

Lucius Annaeus Séneca [Córdoba, 4 a.C. – Roma, 65 d.C.], contemporâneo de Jesus Cristo, nos deixou uma frase bastante instigadora: ‘Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir’. Ou seja, para quem não sabe para onde quer ir, não há ventos favoráveis. Ou ainda, para quem não sabe para onde quer ir, qualquer destino serve.

Isto não foi assim com Neemias. Ele foi um agente da sócio-transformação no seu tempo.

Após setenta anos de cativeiro, Jerusalém e todo o território de Israel, seu povo e seus negócios haviam sofrido graves revezes, uma verdadeira desestruturação. Havia miséria, desprezo, baixa auto-estima em todos os níveis sociais, o comércio, a religião, os serviços, o suprimento etc estavam dizimados e, além de tudo, o povo vivia sob constante ameaça inimiga, submissos a toda e qualquer forma de opressão e medo. Este foi o FATO que chegou aos ouvidos de Neemias, o AGENTE TRANSFORMADOR que era, até então, um simples copeiro do Rei, um escravo.

É muito fácil a busca de resposta quando o assunto é ‘Neemias’ e a ‘Desestruturação de Israel’. Todos temos um ponto de vista sobre as soluções a serem dadas em situações como aquela ou sobre que atitudes deveriam ser adotadas pelo copeiro do Rei.

No entanto, como ‘Copeiros do Rei’ desse tempo, o que temos feito em relação aos ‘Fatos’ que chegam ao nosso conhecimento? Todos sabemos as nossas próprias respostas. Isaías tentou argumentar com Deus até que o Senhor o enlaçou com o laço da atribuição e então o profeta respondeu: ‘Eis-me aqui, envia-me a mim’ [Isaías 6].

Faça uma pequena pausa, separe uma folha de papel, um bloco de anotações ou algo semelhante e comece a considerar que fatos estão acontecendo em ‘seu mundo’ e que lhe tem causado um tanto de indignação. Faça uma lista. Não é muito difícil elaborar um rol de problemas que envolvem o ‘nosso mundo’: corrupção na política, sonegação, má distribuição de renda, cobrança exacerbada de tributos, educação descontinuada, idolatria, mídia contaminada, sexualismo descontrolado, homossexualismo, famílias desestruturadas, homicídios, tráfico e uso de drogas e armas, atos governamentais injustos e ilegais, poder judiciário que permite a injustiça etc. Quais são os fatos que lhe causam indignação? Quem pode ser Neemias nesse tempo? O que você está fazendo pela transformação?

Que reação você tem quando os fatos chegam a seus ouvidos?

Podemos ter duas reações: ‘Eu não me Importo!’ ou ‘Eu me Importo’.

Se você não se importa, podemos conversar sobre isto numa próxima oportunidade. Mas, se você se importa, ainda que possamos refletir com mais profundidade num outro momento, comece pelas doze ações propostas por Al Gore e avance pelo Modelo de Transformação Social de Neemias, que não se acomodou pelo fato de estar satisfeito com sua vida palaciana, nem se acovardou pelo fato de ser um simples copeiro do Rei.

Nisso Pensai!