terça-feira, 12 de junho de 2012

Uma Rio + 20 Pessoal


Hoje eu amanheci pensando que, durante muito tempo, trabalhei com uma pessoa que não podia ter filhos e de como me arrependo de não ter orado objetivamente, ao modo dos homens de Deus do passado, para que o Senhor ‘abrisse a madre daquela mulher’. Não são poucos os episódios bíblicos em que mulheres estéreis foram visitadas pelo poder de Deus e tiveram suas realidades transformadas pelo milagre.
O crente de Jesus pode encontrar vários motivos para justificar porque ainda tem permanecido. Uma vez salvos, porque ainda estamos aqui?
Penso que um dos principais motivos pelos quais o Senhor ainda nos quer na terra deve-se ao fato de que Ele espera que cumpramos nosso papel redentivo, nosso papel de transformação social. Ou seja, não estamos por aqui, ainda, por causa de nós mesmos, nem por causa de Deus, mas pelo fato de que pessoas, e o próprio planeta, como o nosso mundo habitável, precisam voltar para as mãos de Deus e passar por transformações profundas.
Pensando nas conferências pela sustentabilidade, como a Rio + 20, lembrei-me do profeta Jonas. Ele pertencia à Tribo de Zebulom e não se tem muita notícia bíblica sobre a sua vida, o que denota que não era alguém de muita expressão social. No entanto, foi ele quem Deus chamou para uma obra estupenda.
Nínive era a capital da Assíria e ficava a cerca de 900 km de distância em relação a Jope, cidade portuária próxima de Tel-Aviv, em Israel. O povo de Nínive era muito cruel e sanguinário, tinha o costume de decapitar os povos vencidos, fazendo pirâmides com seus crânios, crucificava, arrancava os olhos e os esfolava ainda vivos. O ninivita inspirava muito medo. Talvez isto explique a razão pela qual Jonas decidiu fugir para Társis, Espanha.
Quando conhecemos o peso da nossa missão e olhamos para nós mesmos, considerando nossas limitações, é muito natural que queiramos nos omitir. Mas, quando Deus quer levantar um transformador, Ele não considera quem nós somos, mas o que ele quer fazer através de nós.
Alguns dizem que o grande peixe vomitou Jonas em Nínive, cidade que ficava na região central da Arábia e que não era banhada pelo mar. De Jope até Nínive, são 180 horas à pé, 60 horas de camelo ou 20 horas montado num cavalo. Conforme o relato do livro de Jonas, Deus refez a ordem no mesmo lugar onde o havia chamado da primeira vez. Jonas teve que refazer o caminho, mesmo convivendo com os seus medos.
A passagem de Jonas pela cidade de Nínive ocorreu como um grande ‘tsunami de transformação social’. Diz a Palavra de Deus que todos, do maior até o menor, se arrependeram. Foram mais de 120 mil pessoas que experimentaram uma verdadeira transformação e Deus mudou a sorte de Nínive por causa de apenas um homem que decidiu ser obediente em cumprir o papel da transformação social.
Não é possível que nós, os Jonas da modernidade, continuemos alheios às barbáries com as quais temos lidado. Nosso país está afundando em um lamaçal de corrupção, a violência, o tráfico de armas e de drogas estão produzindo mortes em profusão. Nossa região, uma das mais evangelizadas do Brasil e com um dos maiores percentuais de crentes evangélicos da nação, ainda mantém uma das maiores taxas de homicídio de jovens entre 16 e 24 anos de idade, um verdadeiro paradoxo. Por quê? Talvez porque Jonas ainda continua fugindo para Társis.
Que interesse Deus tem com a nossa cidade? O que eu e você achamos que Deus fazer através de nós? Quais são os medos que têm nos impedido de fazer o caminho certo, executar a missão certa e colher os resultados que Deus espera de nós?
Talvez devamos começar nossa obra, orando para que Deus nos mova com ousadia, orando pelas pessoas que estão à nossa volta, compartilhando com elas a salvação em Jesus Cristo, vivendo de tal forma a que sejamos exemplos de homens e mulheres fiéis ao Senhor, modelos a serem seguidos pelos demais cidadãos. Do ponto de vista ambiental, não sujando as nossas vias públicas, fazendo a deposição correta do lixo, gastando menos água e energia, consumindo melhor os recursos que Deus nos dá, inclusive não desperdiçando alimentos etc. Do ponto de vista social, respeitando as pessoas e as autoridades [e as leis], usando mais as ‘palavrinhas mágicas’, como ‘por favor’, ‘bom dia’, ‘muito obrigado’, ‘me desculpe’, ocupando os cargos profissionais, sociais e ou políticos como homens e mulheres que têm um compromisso profético a cumprir e vivendo com verdadeiros transformadores.
Jonas, nisso pensai! 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sustentabilidade e a Bíblia

Entrevista concedida à Revista Comunhão em 25 de janeiro de 2012-01-25

1- Como podemos definir sustentabilidade?

Fiquei por muito tempo querendo encontrar uma explicação bem prática sobre este tema. Temos migrado muito no campo da teoria e ainda vemos muitas coisas acontecendo pertinho de nós, mesmo considerando que vivemos numa região do país que tem experimentado um nível excelente de progresso, desenvolvimento e que tem um grande acesso às informações, tanto as que fluem pela mídia quanto as que vêm das nossas escolas. Ainda se joga, por exemplo, muito lixo nas ruas.

Certa vez estive assistindo a um palestrante, um senhor já bastante idoso, que falava histórias sobre o meio ambiente. Num dos pontos de sua ministração ele falou que ‘a sustentabilidade se dá quando tudo aquilo que se extrai da terra, para o consumo, a própria terra se incumbirá, num processo natural, de repor’. Emendando, ele concluiu que não praticamos atos de sustentabilidade quando devolvemos à terra mais do que ela consegue absorver naturalmente’.

Passei a entender melhor coisas relacionadas a ‘consumo consciente’, ‘reciclagem de resíduos domésticos’, ‘coleta coletiva’ etc.Sei que tenho ainda muito mais que aprender e praticar, principalmente quando entendo que posso me tornar modelo para os que estão sob minha influência direta, a começar por meus filhos.

2- Assim como nosso corpo precisa de cuidados por ser o templo do Espírito Santo de Deus, a Terra, criação de Deus precisa deste mesmo cuidado por ser um corpo vivo? Ou são duas coisas diferentes? Por quê?

Gostaria de sinonimar templo, como lugar de habitação para o Espírito Santo, e terra como lugar de habitação para todos os seres vivos, com o vocábulo CASA. O termo ecologia é uma combinação de duas palavras gregas: Oikos Significa casa e Logos significa Estudo. Assim, a palavra ecologia nos remete ao cuidado que todos temos que ter com relação a nossa casa, seja ela a casa que devemos cuidar para nos conduzir, até a nossa morte, da forma mais salutar quanto possível, mas que tem sido designada para habitação do Espírito de Deus em nós; seja ela a casa em que habitamos juntamente com a nossa família, e que deve igualmente ser um lugar aprazível e bem cuidado; daí vamos expandindo o entendimento desta responsabilidade para a nossa Casa-Bairro, Casa-Cidade, Casa-País e Casa-Planeta.

De que adianta trabalhar a ecologia planetária se não cuidamos da ecologia pessoal. Afinal de contas, quem não está sendo fiel ‘no pouco’[Mt 25.23] como conseguirá ser fiel sobre ‘o muito’?

Havemos de considerar apenas que cada nível de Oikos sobre nossa incumbência haverá um nível de cuidado peculiar. Uma boa pergunta que poderíamos fazer é quanto a ‘o que posso fazer para cuidar da minha Casa-corpo para que eu tenha saúde e para que o Espírito Santo habite confortavelmente?’. Esta reflexão pode ser colocada em relação a todos os demais ambientes sob nossa gestão [Oikos-lar, Oikos-bairro, até Oikos-planeta].

 3- De que tipo de atitudes destrutivas nosso corpo e a terra precisam ser preservados? Será que podemos fazer essa correlação?

Quando Adão e Eva transgrediram à ordem divina, foram expulsos do Jardim de Deus porque, estando ali, poderiam, em comendo da Árvore da Vida, tendo adquirido a semente do pecado e estando, agora, sob a liderança de Satanás, contaminar aquela terra. Deus os colocou num outro espaço para que os cardos e os abrolhos não proliferassem ali. O homem transgressor amaldiçoa a terra através dos pecados que comete.

Em II Cr 7.14, que é um fragmento da resposta de Deus a Salomão, lemos que ‘se o povo que se chama pelo nome de Deus se humilhar, orar, buscara a face do Todo-poderoso e se converter de seus maus caminhos, então Deus o ouvirá dos céus, perdoará os seus pecados e sarará a sua terra’. Vemos assim que práticas transgressoras trazem contaminação à terra.

Do ponto-de-vista da Palavra de Deus, a atitude destrutiva da qual devemos nos afastar para que tanto o nosso corpo quanto a terra em que habitamos tenham saúde, e sejam preservados, chama-se PECADO, TRANSGRESSÃO, ou termos afins.

 4- Que efeitos o mau uso da terra causa sobre a humanidade?

Há um texto no livro de Jó que nos faz refletir sobre ‘quem pode numerar com sabedoria as nuvens? Ou os odres dos céus, quem os pode despejar, para que o pó se transforme em massa sólida, e os torrões se apeguem uns aos outros?’. E, ainda: ‘onde está o caminho para a morada da luz? E, quanto às trevas, onde é o seu lugar, para que as conduzas aos seus limites e discirnas as veredas para a sua Oikos?’.

Toda vez que deixamos que os cuidados de Deus venham sobre nós, certamente Ele nos trará o que há de melhor. Quando deixamos que nosso senso de justiça própria, nossos rudimentos de sabedoria humana e a nossa ganância governarem as nossas ações, corremos um grande risco de trazer algum efeito danoso tanto com relação a nós mesmos quanto em relação do planeta.

O apóstolo Paulo perguntou: ‘Quem conheceu os intentos do Senhor? Ou, quem foi seu conselheiro?’

Os textos acima estão em Jó 38 e 39 e Rm 11.33-36.

5- Quais são as passagens bíblicas que determinam ou reforçam nosso dever de preservar a terra?

Segundo o site Wikipedia, o cientista alemão Ernst Haeckel usou pela primeira vez o termo Ecologia, em 1869, para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. Mas, a Palavra de Deus é toda Ecologia.

No site www.chabad.org.br, encontramos, por exemplo, sobre o descanso que os judeus imprimiamà terra. A informação abaixo, extraída do site, está amparada pelos textos do livro bíblico de Levítico [recomendamos Lv 25.4]:

Durante seis anos você semeará o seu campo, e por seis anos podará sua vinha, e colherá sua produção, mas no sétimo ano, a terra deverá ter um completo repouso, um Shabat para o Eterno; você não semeará seu campo, não podará sua vinha, nem colherá os produtos de sua colheita… E [o produto do] Shabat da terra será seu para comer, para seus servos homens e mulheres, e para seu trabalhador contratado e residente que mora com você…’ (Vayicrá 25:3-6).

E, ainda, ‘durante o ano de Shemitá, os moradores da Terra de Israel devem desistir completamente de cultivar seus campos. Eles também abrem mão da propriedade pessoal de seus campos; qualquer produto que crescer por si mesmo é considerado propriedade comunal, livre para qualquer pessoa pegar. Este aspecto do ano Shemitá é conhecido como shmitat karka, ou seja, liberar a terra’.

Mas, eu gosto de destacar a importância do texto de Gn 2.15 em que Deus tomou o homem, colocando-o no Jardim do Éden com a incumbência de cultivá-lo e guardá-lo.

A etimologia da palavra ‘cultivar’ relaciona a sua origem ao verbo latino COLO, que tem o mesmo radical de Cultura e Culto. Ou seja, quando pensamos em cultivar, somos geralmente levados a pensar em agricultura, cuidado com a terra, com a lavoura. Mas se estendermos o entendimento de ‘cultivar’, associando aos conceitos de ‘cultura’ e ‘culto’, vemos que podemos cultivar muito mais coisas do que simplesmente batatas, arroz ou tangerina. Cultivamos conceitos, valores, princípios morais e éticos, cultivamos conhecimento, relacionamentos etc. Pelo fato de que estes verbetes decorrem do mesmo verbo latino que nos arremete para ‘culto’, podemos inferir que nós cultivamos em decorrência daquilo ou de quem prestamos culto. Assim, a forma como cultuamos, ou quem nós cultuamos, poderá determinar o tipo de sociedade que seremos, que projetos, caminhos e destinos serão a nossa preferência, a forma como iremos nos relacionar e tudo o mais. Simplificadamente, a forma como nos relacionamos com Deus em nosso dia-a-dia definirá nossas condutas, toda a nossa forma de viver.

Com relação ao verbo ‘guardar’, está relacionado primeiramente à gestão do Jardim de Deus, uma vez que guardar não significa apenas ficar olhando ou esconder num lugar fora do alcance de intrusos; guardar significa administrar, observar se mantém as condições originais considerando que há de se prestar contas diante daquele que nos incumbiu.

Guardar pode significar ainda, dar manutenção, restaurar a forma ante algum tipo de agressão ou acidente ou, ainda, dano por intempérie etc, promover proteção ante invasão inimiga, contra atos de destruição promovidos por pessoas ou por agentes naturais e, ainda, promover utilidade considerando que as coisas se degradam até mesmo por falta de uso. A questão da utilidade deve ser ordenada para que não haja alterações que corrompam as condições originais.

6- Maltratar a criação, os animais é um ato de rebeldia ou desobediência a Deus?

Se Deus, à luz de Gn 2.15, nos comissiona a cultivar e guardar, qualquer atitude que corrompa os princípios relacionados ao cuidado e à guarda constituem decisões distintas das orientações divinas. É bem verdade que não podemos nos esquecer  daquilo que a própria Palavra de Deus nos ensina com relação aquilo que deve ser tomado para nosso alimento, para o nosso sustento.

7- O que o crentes devem fazer no dia-a-dia para preservar a terra e seus recursos naturais?

Há muito a ser feito, desde a tão necessária transformação do nosso entendimento,conforme Rm 12.1-2, acerca de todas as coisas, até às práticas mais primárias como economias de luz e água consumidas domesticamente, a questão do lixo que ainda jogamos nas vias públicas etc.

Um bom começo é voltar aos paradigmas divinos através da leitura da Palavra de Deus. Uma boa leitura permanente é o Livro de Provérbios.

Chega daquela sujeira que muitos de nós temos deixamos no templo da igreja. São copinhos de água, pedaços de papel. Isto reflete o que fazemos do lado de fora.

Mas, há um rol de ações sociais bem simples que aprendemos do ex-Vice Presidente dos Estados Unidos, o Sr. Al Gore. Em seu site www.climatecrisis.net ele deixou doze dicas:

1.       Troque a lâmpada incandescente para lâmpada fluorescente

2.       Use menos o seu automóvel

3.       Pratique mais a reciclagem de materiais e alimentos

4.       Mantenha correta a calibragem dos pneus de seu automóvel

5.       Use menos água quente, sobretudo durante o banho

6.       Evite levar embalagens para casa [depois você terá que jogar fora, gerando lixo]

7.       Ajuste o termostato do seu aquecedor ou condicionador de ar

8.       Plante uma árvore

9.       Desligue completamente os aparelhos eletrônicos, principalmente à noite ou ao sair de casa

10.   Não coma carne em um dos dias de semana

11.   Desplugue-se. Biblicamente falando, descanse no Senhor; não fique ansioso[a]

12.   Encoraje seus amigos a praticarem isto como você.

8- É papel da igreja lutar e praticar a preservação da natureza? O que tem sido feito pelo povo de Deus neste sentido?

À luz de tudo o que foi dito acima, é muito mais papel da igreja pelo que representa em sua relação com o Senhor, o Criador, do que papel do mundo. No entanto, vejo muito mais ações no mundo secular do que nas próprias organizações cristãs. Muitas vezes vemos que nossos diálogos e ações denotam uma ‘capa espiritual’ que impedem que debatamos temáticas sociais, ainda que revelem o caráter cristão embutido na vida da terra.

Bem recentemente a igreja começou a discutir o posicionamento cristão ante os Sete Pilares da Sociedade. É isso mesmo que precisamos fazer; ocupar o papel de profetas, filhos e filhas de Deus com o papel de redimir, de efetuar a redenção de uma terra contaminada. Nosso chamado é para que sejamos imitadores de Paulo assim como ele o era em relação a Jesus.

Quando caminharmos pela senda da presenvação, cultivando e guardando, muitos nos seguirão e, aí sim, poderemos oferecer a nós mesmos e às futuras gerações um ambiente melhor do que nos legaram os nossos pais.

9- Como manter a viabilidade do planeta para as futuras gerações?

Cultivando-o e guardando-o. Afinal de contas, tenho os meus sessenta anos e não pretendo ‘bater as botas’ tão cedo. Assim, gostaria de estar numa terra melhor juntamente com as futuras gerações, se assim Deus o quiser.

10- Pequenas atitudes e muita consciência vão fazer a diferença?

Sim, mas gostaria de mudar a ordem: muita consciência [transformação de mente – Rm 12.1-2] e pequenas atitudes, apenas para começar; temos que caminhar num mover crescente de atitudes ambienta e biblicamente corretas.

11- Como podemos cultivar a sustentabilidade em casa, na igreja e onde quer que o crente vá?

Gostaria de responder de uma forma muito singela. Há um livro que, apenas pelo seu título já dá para responder à pergunta sobre o que devemos fazer pela sustentabilidade. O nome do livro é ‘Em Seus Passos o que Faria Jesus?’, que foi escrito por Charles Sheldon e publicado nos Estados Unidos em 1896 com o título ‘In His Steps’.

12- Preservar é uma contribuição que reflete obediência aos princípios bíblicos?

Sim.

13- Fale um pouco sobre as últimas noticias (se houver) a respeito da camada de ozônio, poluição, clima, mares, espécies, fauna, flora, que possam contribuir para nos atualizar sobre as condições do nosso planeta.

Há um ano vivenciamos uma grande tragédia muito perto de nós. A Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro experimentou um grande desastre ecológico que ceifou as vidas de muitos brasileiros. No mesmo ano assistimos ao tsunami que varreu parte do Japão promovendo uma grande comoção e debate planetário sobre o que fazer com as Usinas Atômicas.

Sempre achamos que podemos fazer algo em relação a usinas atômicas, mas pouco há que se possa fazer quando a natureza reage ao tanto que nós lhe impomos de devastação e mau uso.

As atitudes que a sociedade japonesa e seu governo investiram naquela experiência são exemplares. Ainda hoje muitos vivem desassistidos tanto em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, quanto no Morro do Bumba, em Niterói, pelo deslocamento de terra em um antigo lixão que culminou com muitas mortes, além de outros prejuízos.

Precisamos deixar de ser uma sociedade passiva e reativa apenas ante às tragédias, mas uma sociedade que vê, considera, se organiza e age, sobretudo preventivamente e responsavelmente, livre dos interesses de politiqueiros corruptos que querem viver à custa da miséria alheia.

Há muita informação disponível na mídia televisiva e também na internet. Precisamos fazer as leituras certas. Recomendo o site http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/.

14- Com relação aos relacionamentos entre as pessoas, em que isso afeta favoravelmente o nosso planeta?

A gestão do planeta, afora as questões leis naturais, dos ordenamentos do Criador, está nas mãos dos homens. Na medida em que esses homens se aliam responsavelmente em administrar as polis e o meio ambiente, o resultado será bem diferente daquele grupo de gestores que desviam o dinheiro público destinado ao cuidado das vítimas de danos naturais para enriquecimento ilícito. Quando os relacionamentos se formam sobre a base da ética, dos valores morais e da fé pura, focados na construção de uma sociedade feliz e saudável, certamente influenciarão positivamente nas questões planetárias, tanto ambientalmente quanto aos demais fatores inerentes como política, comércio e tudo o mais. Aliás, esse era o projeto original de Deus para os homens.

15- E a questão ética do comandante que abandonou o navio que afundou? É tb falta de ética maltratar a criação de Deus. Por quê?

O capitão ‘pulou fora do barco’. ‘Pular fora do barco’ é o mesmo que dizer que abriu mão da sua responsabilidade. Nesse caso a ética profissional do capitão preconizava que ele permanecesse a bordo até que o último tripulante houvesse sido salvo, sendo ele a última pessoa a sair. Quando temos uma responsabilidade que é só nossa, foi entregue em nossas mãos, inclusive a de bem cuidar da criação divina, e fugimos dela, ‘pulamos para fora do barco’ estamos deixando de cumprir com o nosso compromisso social e isso é também uma questão de ética.

16- Pastor, fale do seu trabalho, formação, igreja e, se possível, cite um exemplo positivo de atitude de alguém que possa servir de ilustração para a matéria.

Tenho sessenta anos de idade e sou administrador de empresas. Desde 1978 tenho dividido a minha vida em atividades cristãs e atividades em organizações empresariais. Tenho estado sob a liderança do apóstolo Ozenir Correia e me dedicado à investigação bíblica, o que me tem levado a escrever alguns materiais. Há dois livros em fase de conclusão: ‘Revisão do Caráter em 30 Dias’ e ‘Há Caminho...’. Tão logo se concluam as revisões serão encaminhados às publicadoras. Há um terceiro livro em andamento: ‘A Porca Lavada’, que tratará da questão daqueles que estão desviados mesmo dentro de suas congregações, pessoas que têm vivido abaixo da expectativa, sua mesmo e de Deus.

Estou com um curso – ‘Aprofundamento Bíblico’ – em parceria com o SECRAI, do meu amigo e pastor Alcione Emerich. Este curso será ministrado em dois módulos, sendo um em cada semestre deste ano de 2012. Um dos temas será sobre a ‘Mordomia da Criação’ onde serão abordadas as questões do relacionamento do Cristão com o Meio Ambiente à luz da Palavra de Deus. Aos interessados, indico o site do SECRAI: www.secrai.com.br. [Gostaria muito se vocês pudessem divulgar esta parte].

17- Gostaria de sugerir outras fontes para esta entrevista?

Seria muito bom se vocês pudesse fazer um contato e solicitar um texto da nossa irmã Marina Silva.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Feliz Ano Novo

Quando me envolvi em pensamentos sobre o que seria mais oportuno compartilhar com os leitores de Comunhão, optei por pesquisar na web sobre as profecias para 2012.

muitos sites e blog de influência cristã, bem como de linhas de pensamento, em que cada um traça a sua meta profética: ‘Ano de Edificar Relacionamentos’, ‘Ano de Prosperidade e de Sucesso’, ‘Ano do Despertar de um Povo que Atende ao Chamado de Deus’, ‘Ano dos Novos Começos’, dentre muitos.

Em contrapartida, falam-se das Sete Profecias Mayas alusivas a 2012 e publicou-se pela revista Exame um artigo sobre ‘As dez ameaças que pairam sobre o mundo em 2012’. Quanto a estas ameaças, são elas: Rumores sobre o fim do mundo; Temor pelo equilíbrio da economia global; Temor de novos conflitos no Oriente Médio ante a inabilidade das grandes potências para assumir novos riscos, fenômeno já denominado de G-Zero; Crise na zona do euro; Eleições nos Estados Unidos; Transição no governo da Coréia do Norte; Tensões do Paquistão; Política externa controversa por parte da China e sua tensão com os Estados Unidos; A Irmandade Muçulmana, a Primavera Árabe e a Transição de governo no Egito; Sedimentação do governo populista na África do Sul; e, Eleições na Venezuela.

Então, se por um lado vemos expressões proferidas no Monte da Religião, cujo propósito é estabelecer metas institucionais desafiadoras, impulsos de fé, chamado para o tempo novo, posicionamentos para as mudanças etc, por outro lado vemos o Monte da Mídia infundindo temores, promovendo uma discussão sensacionalista e perigosa. Um dia desses, a revista Época publicou uma entrevista com um psicólogo norte-americano, que destacou o risco que sociedade global se expõe diante de tantas informações, boas e más, cuja doença resultante seria uma espécie de Transtorno Bipolar Global.

Se não tomarmos cuidado seremos vitimados e estaremos alterando humor na medida em que experimentamos tamanho volume de informações, sem que sejam filtradas pelo filtro da Palavra de Deus.

Tanto a temática da Responsabilidade Social quanto a da Sustentabilidade passam pela Responsabilidade Pessoal e esta tem a ver com a forma como nos deixamos governar por Deus. Quando Deus nos governa, as metas proféticas se tornarão factíveis por causa da fidelidade com que respondemos ao anseio do Senhor, nos posicionaremos mais adequadamente ante os temos que a mídia impõe sobre a sociedade e não temeremos em relação a iminente volta de Jesus, que pode ser a qualquer momento.

Assim, poderíamos imaginar algumas Crises para 2012:

·        Assumir corretamente o meu papel no âmbito da minha família

·        Cumprir o mandamento relativo ao Amor com todas as pessoas

·        Renunciar a toda a sorte de palavra e comportamento que causem prejuízo ou ofensa a outras pessoas

·        Ser fiel ao Senhor e me ajustar adequadamente ao Corpo de Cristo, que é a igreja

·        Eliminar atitudes contrárias a sustentabilidade do planeta

·        Usar com mais intensidade a cortesia, a gentileza e as ‘palavrinhas mágicas’ como ‘com licença’, ‘por favor’, ‘muito obrigado’ etc

·        Ser um profissional eficaz e cumpridor das minhas responsabilidades e que seja modelo entre meus pares

·        Desenvolver um relacionamento amistoso com todos os vizinhos, fazendo da minha casa uma agência do Reino de Deus; Usar de lisura e boa fé nos negócios, nos estudos e em tudo em que me envolver

·        Manifestar cada fruto do Espírito, conforme Gálatas 5.22-23

·        Ser um agente de transformação

Nisso pensai!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Insípidos

A mídia tem denunciado cada dia mais frequentemente a situação brasileira quanto a corrupção. Podemos listar ‘violência’, ‘uso de drogas’ ou ‘outras doenças sociais brasileiras’ atribuindo esta ou aquela prioridade, mas precisamos refletir o quanto a raiz pode estar naquilo que está minando as finanças nacionais, a reputação daqueles que deveriam ser ‘modelos’ para o povo e, por fim, a própria esperança; estou me referindo ao intenso movimento corrupto em nossa nação.

Enquanto isto, do outro lado do planeta, vemos protestos envolvendo o mundo árabe, de 2010 prá cá, conhecidos como ‘Primavera Árabe’; uma verdadeira onda revolucionária de manifestações e protestos, com proporções e resultados distintos. Tunísia, Egito, Líbia, Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, dentre outros têm sofrido transformações a partir de manifestações populares, passeatas, uso de mídias sociais como Facebook, Twitter e Youtube.

Comparando as situações expostas, ou seja, a nossa inanição ante aquilo que oprime a população brasileira e a capacidade reativa que envolveu os povos árabes, chego a pensar que Momo, a deusa da burla, da crítica ou da zombaria, esteja por trás do estilo de vida passivo do brasileiro, anulando toda a capacidade de se indignar e toda a intenção de tomada de atitudes decisivas da nossa parte. Observação: Momo não era rei e nem era masculino, mas uma divindade feminina [a filha da Noite; grego: Nix], a deusa da pilhéria, da gozação e da chacota.

Não defendo, neste momento, a adoção do modelo de reação árabe por aqui, até porque somos igreja e, por isso, temos que buscar a face do Senhor sobre nossas possíveis ações. Mas, não podemos cruzar os braços e agir como se a transformação devesse se dar por ‘faxina política’, pelo estabelecimento de policiamentos pacificadores, por movimentos de estudantes dispostos a gritar, a dizer NÃO.

Você pode pensar que esta conversa toda não tem nada a ver com Sustentabilidade ou com Responsabilidade Social. Quando pensamos o futuro e pensamos na construção ou no estabelecimento de uma sociedade melhor, tudo fica no mesmo pacote. Meu dilema é a sócio-sustentabilidade, ou seja, como a sociedade se tornará mais organizada, mais ética, mais avalorada moralmente etc. Nosso silêncio ou inanição revela que não estamos nem aí e que qualquer coisa que vier no futuro está bom prá nós, e isso não é verdade, ao menos para mim.

Quando o sal deixa de transformar é porque ficou sem sabor, ficou insosso, sem graça, sem atrativo. Segundo o site www.adapucarana.org, três coisas levam o sal a se tornar inútil: Pouco vento, pouca luz e pouco calor. O vento ajuda o sal a atingir o sabor ideal na época de sua formação; na vida do cristão, representa o sopro do Espírito Santo de Deus sobre ele. A luz atua quimicamente sobre a água e é fundamental na sua transformação em sal; é a luz quem nos expõe às verdades divinas, revelando quem somos e nos conduzindo a um padrão de excelência de vida cristã. O calor influencia diretamente na qualidade do sal. A fonte de calor do cristão é o próprio Deus; quanto mais próximos dEle, mais aptos nos tornaremos para ser os referenciais em um mundo corrompido.

Os movimentos sociais poderão, e devem, atuar pela transformação do Brasil, e nós não podemos deixar isso só por conta deles. Mas, devemos, acima de tudo, ser sal quando no exercício de cargos políticos, não nos tornando iguais aos demais; quando tivermos que ser fiéis aos nossos empregadores; no pagamento dos impostos; em dizer não para produtos piratas; no momento de elegermos os melhores candidatos; na hora de fazer uma prova sem o uso da ‘cola’ etc.

Podemos começar fazendo apenas o bem às pessoas; podemos transformar uma pessoa por dia; podemos parar de concordar com aquilo que Deus não concorda, mesmo que nos custe algum preço; podemos começar a orar mais pelo Brasil e pelos problemas brasileiros do que pensar apenas em nossos próprios problemas pessoais; podemos até estabelecer um decreto para o Brasil, o Decreto da Transformação Espiritual e Social da Nação Brasileira.

Gostaria de saber a sua opinião sobre este assunto. Mande seu e-mail para a redação e terei o maior prazer em conversar com você sobre como poderemos transformar a nossa nação.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sociedade Ansiosa

Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Mateus 6.25.



Desde a década de 70, venho pensando sobre a velocidade com que as coisas vêm acontecendo. Hábitos de vestuário, estilos musicais e de lazer, dentre outros, que faziam parte do cardápio das pessoas, em alguns casos, por décadas, e que passaram a ter uma vida útil cada vez menor. A cada dia nos tornamos insatisfeitos com o que conquistamos e queremos novidades cada dia mais, em todos os itens do nosso cotidiano.


Chegamos a um ponto da historia em que estamos mais propícios a sermos movidos pela mídia. Se a mídia nos informa, nos importamos; se a mídia abandona determinado assunto, nos esquecemos dele. As vítimas da tragédia do Morro do Bumba [2010], das enchentes de Nova Friburgo [2011] e do mais recente tsunami japonês, ainda sofrem as terríveis conseqüências, mas, em geral, a solidariedade dura enquanto dura a exposição da vitrine midiática.


Corremos atrás das notícias, ficamos tão intensamente imergidos nas coisas que têm afetado o mundo – e, quando falo de mundo, é o mundo todo – e seus respectivos impactos, que não damos conta de que por trás tudo isso há pessoas estressadas por suas vivências e pelos danos sofridos. Enquanto isso, nós ficamos estressados pelo volume de informações que não damos conta de digerir.


Os níveis de ansiedade sob os quais a sociedade está exposta estão nos despersonificando e, cada dia mais nos coisificando. Estamos ficando mais focados nos aspectos ‘coisais’ e nos esquecemos de que somos os principais agentes e objetos de todo o esforço pela sustentabilidade. Estou me referindo ao SER e aos seus RELACIONAMENTOS. Se não houver sustentabilidade social, o aspecto ambiental não se sustentará.


O economista chileno Manfred Max-Neef declarou que ‘nenhum interesse econômico pode estar acima das pessoas’ e que ‘hoje todos nós estamos aqui para servir a economia’ e ‘isso está errado!’. Esta preocupação não vale apenas para governos, empresas ou grupos políticos, nacionais ou planetários, vale para nós, simples mortais, que temos um encargo de projetar a vida para o futuro. E, não apenas a nossa, as dos nossos filhos e netos. Quando Jesus nos falou sobre SAL DA TERRA e LUZ DO MUNDO, esteve falando da nossa responsabilidade pessoal em transformar, moldar, fazer a diferença.


A ansiedade nos tira do foco e nos coloca dentro do turbilhão, nos confunde.


Segundo Max-Neef, ‘muitas vezes somos pessoas bem-sucedidas, mas incompletas. Não é fácil construir um projeto de vida’. Ele afirma que ‘hoje o mercado é mais importante do que a universidade’. Dá para imaginar que o lufa-lufa, a competitividade, a barafunda de uma rotina reveladora da profunda insatisfação com tudo o que já se conquistou, estão substituindo o conhecimento, inclusive aquele que nos leva a intimidade com Deus.


Gosto do tema da sustentabilidade e da responsabilidade social até porque guardam grande sintonia com as Sagradas Escrituras. Al Gore, em suas considerações nos diz que uma das coisas que o homem atual pode fazer para ajudar o planeta é desplugar-se. Isso pode representar que devemos nos desconectar dessa correria louca e pensar um pouco em nos mesmos, no que podemos fazer individualmente e em qual seja a vontade de Deus com relação a nós.


Obs.: as citações de Max-Neef foram extraídas de www.canalrh.com.br


Nisso pensai!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Percepções

O termo ‘sustentabilidade’ geralmente no remete a pensar nas questões relacionadas a meio ambiente, preservação de florestas, cuidado com os rios etc.

A utilização dos recursos naturais passou a ser mais bem discutida a partir do Relatório de Brundtland, no ano de 1987, cuja idéia era a de buscar o suprimento das necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras terem as suas necessidades supridas. Este relatório foi intitulado ‘Nosso Futuro Comum’ e foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

O conceito de ‘sustentabilidade’ começou a ser delineado em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, e a idéia de Desenvolvimento Sustentável se consolidou na Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, no ano de 1992, conhecida como Eco-92.

Muitos avanços foram experimentados nas questões ambientais nestas últimas décadas e a mídia tem trazido este tema a público, fartamente, através de noticiários, documentários etc.

Deixando à parte os recentes desastres naturais – enchente na Região Serrana do Rio de Janeiro, terremoto seguido de tsunami no Japão etc – que têm ceifado milhares de pessoas, quantas vidas têm sido sacrificadas por causa 1das ações de governantes que dirigem seu povo de forma autoritária, 2de políticos que fazem uso de seus cargos para enriquecimento ilícito, para favorecimento de clubes exclusivos de grupos de empresários e de sindicalistas aproveitadores, 3da parte da mídia que incentiva práticas socialmente nocivas [fragmentação familiar, infidelidade, deslealdade, sensualidade exacerbada etc] sob o patrocínio de grupos econômicos, 4da outra parte da mídia que deseduca a sociedade ao invés de educar, e mesmo 5da própria omissão da sociedade em conhecer a fundo as questões mais urgentes que lhe afetam e em não se valer do seu direito de reagir dentro da lei, dentre outros motivos?

Que sociedade nós estamos construindo para nós e para os nossos filhos e netos?

A Visão do Aqui-Agora caminha no sentido contrário ao da ‘sociosustentabilidade’.

Muitos ainda têm uma ‘idéia compartimentada’ e ainda encontram razão para continuar jogando lixo nas vias públicas sob o argumento de que garis perderão seus empregos se não tiverem o que fazer; da mesma forma que ‘engorduramos’ o planeta com o ‘lixo nosso de cada dia’, fazemos o mesmo em relação ao nosso corpo quando mantemos práticas alimentares não saudáveis; e, vivemos a vida como se o amanhã nunca chegasse e como se o mais importante fosse o viver ‘o agora’.

Se não quisermos compreender a visão apocalíptica de Mateus 25 e negar que tudo o que está acontecendo já era tema dos ensinamentos de Jesus e se não quisermos repensar tudo aquilo que faz parte do nosso viver, nunca poderemos reclamar do dilúvio sob o qual nossas vidas poderão estar submetidas amanhã ou depois.

Jesus falou que nos tempos de Noé as pessoas não perceberam os acontecimentos, até que veio a grande enchente.

Nós até que podemos continuar a plantar árvores, avançar na manutenção da limpeza de nossas cidades, tomar cuidado no consumo de água e de energia etc. Mas, precisamos compreender o que representa a vinda e o discurso de Barak Obama, na cidade do Rio de Janeiro, o que leva as pessoas a morrerem ante o escorregamento de uma enconsta ou de uma enchente urbana, o que está por trás dos distúrbios sociais nos países do Oriente Médio, o que tem a ver conosco as questões relativas as taxas altas de homicídio e de uso de drogas, existentes tão perto de nós, a razão porque elegemos e mantemos políticos corruptos e o que nos motiva ao consumo de produtos piratas, dentre outros temas.

Como cristãos, podemos entrar ‘na brecha’ como intercessores, podemos nos infiltrar nos postos estratégicos para ter ampliado o nosso poder de influência justa, podemos estabelecer um padrão de comportamento pessoal que inspire a sociedade a nossa volta e seguir o nosso modelo.

Então, a partir de uma percepção adequada da vida poderemos dizer que ‘é chegado o Reino de Deus’.

Nisso pensai!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Neemias – Modelo para a Sócio-transformação [Eis-me aqui, envia-me a mim!]

O livro de Neemias é bastante instigante, sobretudo por ter sido ele apenas um copeiro do Rei, um escravo.


Quando Neemias decide se dar a conhecer ao Rei, refletindo sua preocupação com a situação de Israel, penso que Ele se surpreendeu com o interesse do Rei em lhe dar ajuda. Naquele momento Neemias teve algumas atitudes:

1 . ‘Orou uma Oração Instantânea’ – o Irmão André, da Missão Portas Abertas, teria chamado esta oração de ‘oração telegrama’. Talvez para dizer a Deus: ‘é agora, Pai!’; ‘vamos nós!’.

2 . Tinha um projeto em mente – O tempo entre quisleu e nisã serviu para uma elaboração de ações para a reestruturação de Israel. Ou seja, Neemias tinha o ‘problema identificado’, tinha o ‘prazo determinado’, sabia que precisava das ‘licenças’ e das ‘autorizações’ e sabia de quais ‘materiais’ precisava. Aleluia! Não houve um item sequer negado pelo Rei, que lhe favoreceu com um plus: proteção policial.

Em Israel

Mesmo ante sua chegada, com sua comitiva, com os materiais etc, Neemias manteve segredo em relação as suas reais intenções, até que pudesse fazer uma verificação adequada, penso que, para conferir a veracidade dos relatos que lhe foram feitos pelo mensageiro. Considero que foi a ação de um homem prudente, atributo inerente aos copeiros, pois não poderia correr riscos desnecessários mesmo que a atividade contivesse situações adversas envolvidas [isto vale tanto para a atividade de copeiro quanto para os novos encargos].

Conforme Neemias 2.12, Deus já havia dados as devidas orientações a ele. Então seguiram-se algumas ações:

1 . Manteve a estratégia em segredo – há pessoas que mal têm uma idéia e já a divulgam. Aprendemos há algum tempo que até mesmo orações estratégicas não devem sequer ser pronunciadas mas apenas levadas a Deus por pensamento, para que o inimigo não ouça as nossas intenções. Há informações que, se deixadas para o momento certo, tornam-se o diferencial competitivo daquele que as detêm.

2 . Inspecionou a situação – a tomada de decisões não pode ser precipitada. Muitas vezes agimos intempestivamente e desperdiçamos energia, mente, dinheiro, tempo etc por não ter havido uma avaliação adequada da situação. Compras são feitas assim relacionamentos são construídos ou destruídos assim, viagens, respostas às perguntas etc. Muitas vezes ‘quebramos a cara’ por precipitação. A Bíblia diz que todo precipitado peca [Provérbios 19.2]. Um bom verso para dar mais luz é o que está em Lucas 14.28.

3 . Reuniu a liderança – Agora sim, chegou o tempo da revelação, o momento do engajamento e, para tanto, é muito bom saber quem são as pessoas certas, quem poderá ser estratégico. Muitas vezes não sabemos com que podemos contar e acabamos por envolver pessoas que, mais adiante, poderá se tornar peso para nós e que poderão colocar em risco o empreendimento que está em nossas mãos. Na hora de saber quem vai conosco, o melhor conselho vem de Deus. No caso de Neemias, foram engajados Judeus, Sacerdotes, Nobres, Magistrados e Trabalhadores. Não quero me deter em entender a lista, mas podemos ver representantes da Sociedade Civil, Religiosos, Palacianos ou pessoal do Governo, Pessoal do Judiciário e das Leis e Trabalhadores ou, se pudermos assim dizer, Sindicalistas, numa linguagem mais moderna.

4 . Expôs a situação – Aqui há pontos interessantes que podem ser destacados. Neemias O que havia de ser feito; ele já o sabia pois Deus já havia lhe dado todas as orientações como vimos há pouco. Mas, o que me chamou mais a atenção foi sobre a testificação das coisas, ou seja, Neemias não estava ali representando apenas a si mesmo ou a uma linha de pensamento pessoal, uma fantasia ou um devaneio mental. Deus havia lhe comunicado o Seu pensamento sobre a situação, bem como o Rei a quem o copeiro Neemias servia, mas também o que estava em seu coração.

Em Neemias 2.18b encontramos implícito no texto que todos eles, Judeus, Sacerdotes, Magistrados, Trabalhadores etc fizeram uma aliança, assumiram um compromisso com relação ao que havia de ser feito.

Neste ponto, o inimigo se manifesta e se torna um elemento ativo, um opositor declarado que passa a agir contrariamente ao empreendimento. Esse inimigo lança, então sua primeira semente, a Semente da Dúvida. Ver 2.19.

A Obra

Em Neemias 3 encontramos alguns verbos de ação bastante interessantes e que revelam a força daquilo que ele e aqueles homens propuseram em aliança.

Eis os versos: Reconstruir, Restaurar, Reedificar, Trabalhar, Colocar vigas e cobrir são verbos que aparecem uma única vez. Entretanto, Edificar aparece cinco vezes, Assentar portas aparece por seis vezes e reparar é encontrado por trinta vezes neste único capítulo.

Lemos ainda no capítulo 3 sobre as pessoas que trabalharam na obra: Sacerdotes, Levitas, Servos do Templo, Sumo-sacerdote, Povo [judeus e estrangeiros], Profissionais [ourives etc], Maiorais, Governantes, Nobres, Magistrados.

Ainda no capítulo 3 lemos sobre o ânimo com que aqueles reconstrutores trabalharam: voluntariamente e com grande ardor e, conforme 4.6, com ânimo.

Aqui o inimigo lança mais duas sementes contra Neemias e seus seguidores: a Semente do Desprezo e a Semente da Confusão. Ver 4.1 e 4 e 4.8.

Áreas Restauradas

Por fim, nestas considerações sobre a obra de Neemias, encontramos duas macro-áreas que foram objeto de transformação: houve uma transformação Sócio-cultural e religiosa.

Nesta área de transformação, encontramos a restauração das leis, no capítulo 5, ética no governo, ainda no capítulo 5, restauração da religião e da educação e a restauração das celebrações, todas no capítulo 8 e, no capítulo 10, a restauração da aliança com Deus.

A outra grande área de transformação foi a Sócio-econômica e política, envolvendo a restauração das fronteiras [muro e portas] e da Torre de Vigias, no capítulo 3, a restauração da guarda [polícia] e da proteção, no capítulo 4, a restauração da magistratura e das funções sociais, do capítulo 4 em diante.

Nós podemos sonhar ‘O Sonho da Sócio-transformação’. Nós podemos considerar que há um chamado de Deus para que cada um de nós seja ‘O Agente da Transformação Social’ desse tempo, em nossa terra.

Nisso Pensai!