Hoje eu amanheci pensando que, durante muito tempo,
trabalhei com uma pessoa que não podia ter filhos e de como me arrependo de não
ter orado objetivamente, ao modo dos homens de Deus do passado, para que o
Senhor ‘abrisse a madre daquela mulher’. Não são poucos os episódios bíblicos
em que mulheres estéreis foram visitadas pelo poder de Deus e tiveram suas
realidades transformadas pelo milagre.
O crente de Jesus pode encontrar vários motivos para
justificar porque ainda tem permanecido. Uma vez salvos, porque ainda estamos
aqui?
Penso que um dos principais motivos pelos quais o Senhor
ainda nos quer na terra deve-se ao fato de que Ele espera que cumpramos nosso
papel redentivo, nosso papel de transformação social. Ou seja, não estamos por
aqui, ainda, por causa de nós mesmos, nem por causa de Deus, mas pelo fato de
que pessoas, e o próprio planeta, como o nosso mundo habitável, precisam voltar
para as mãos de Deus e passar por transformações profundas.
Pensando nas conferências pela sustentabilidade, como a Rio
+ 20, lembrei-me do profeta Jonas. Ele pertencia à Tribo de Zebulom e não se
tem muita notícia bíblica sobre a sua vida, o que denota que não era alguém de
muita expressão social. No entanto, foi ele quem Deus chamou para uma obra
estupenda.
Nínive era a capital da Assíria e ficava a cerca de 900 km
de distância em relação a Jope, cidade portuária próxima de Tel-Aviv, em
Israel. O povo de Nínive era muito cruel e sanguinário, tinha o costume de
decapitar os povos vencidos, fazendo pirâmides com seus crânios, crucificava,
arrancava os olhos e os esfolava ainda vivos. O ninivita inspirava muito medo.
Talvez isto explique a razão pela qual Jonas decidiu fugir para Társis,
Espanha.
Quando conhecemos o peso da nossa missão e olhamos para nós
mesmos, considerando nossas limitações, é muito natural que queiramos nos
omitir. Mas, quando Deus quer levantar um transformador, Ele não considera quem
nós somos, mas o que ele quer fazer através de nós.
Alguns dizem que o grande peixe vomitou Jonas em Nínive,
cidade que ficava na região central da Arábia e que não era banhada pelo mar.
De Jope até Nínive, são 180 horas à pé, 60 horas de camelo ou 20 horas montado
num cavalo. Conforme o relato do livro de Jonas, Deus refez a ordem no mesmo
lugar onde o havia chamado da primeira vez. Jonas teve que refazer o caminho,
mesmo convivendo com os seus medos.
A passagem de Jonas pela cidade de Nínive ocorreu como um
grande ‘tsunami de transformação social’. Diz a Palavra de Deus que todos, do
maior até o menor, se arrependeram. Foram mais de 120 mil pessoas que
experimentaram uma verdadeira transformação e Deus mudou a sorte de Nínive por
causa de apenas um homem que decidiu ser obediente em cumprir o papel da
transformação social.
Não é possível que nós, os Jonas da modernidade, continuemos
alheios às barbáries com as quais temos lidado. Nosso país está afundando em um
lamaçal de corrupção, a violência, o tráfico de armas e de drogas estão
produzindo mortes em profusão. Nossa região, uma das mais evangelizadas do
Brasil e com um dos maiores percentuais de crentes evangélicos da nação, ainda
mantém uma das maiores taxas de homicídio de jovens entre 16 e 24 anos de
idade, um verdadeiro paradoxo. Por quê? Talvez porque Jonas ainda continua
fugindo para Társis.
Que interesse Deus tem com a nossa cidade? O que eu e você
achamos que Deus fazer através de nós? Quais são os medos que têm nos impedido
de fazer o caminho certo, executar a missão certa e colher os resultados que
Deus espera de nós?
Talvez devamos começar nossa obra, orando para que Deus nos
mova com ousadia, orando pelas pessoas que estão à nossa volta, compartilhando
com elas a salvação em Jesus Cristo, vivendo de tal forma a que sejamos
exemplos de homens e mulheres fiéis ao Senhor, modelos a serem seguidos pelos
demais cidadãos. Do ponto de vista ambiental, não sujando as nossas vias
públicas, fazendo a deposição correta do lixo, gastando menos água e energia,
consumindo melhor os recursos que Deus nos dá, inclusive não desperdiçando
alimentos etc. Do ponto de vista social, respeitando as pessoas e as
autoridades [e as leis], usando mais as ‘palavrinhas mágicas’, como ‘por
favor’, ‘bom dia’, ‘muito obrigado’, ‘me desculpe’, ocupando os cargos
profissionais, sociais e ou políticos como homens e mulheres que têm um
compromisso profético a cumprir e vivendo com verdadeiros transformadores.
Jonas, nisso pensai!
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